por Paulo Silvestre
«A maneira inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é restringir rigidamente o espectro das opiniões aceitáveis, mas autorizar um debate muito aceso dentro desse espectro — encorajando mesmo as visões mais crÃticas e dissidentes. Isso dá à s pessoas a sensação do exercÃcio do livre pensamento, enquanto a todo o tempo os alicerces do sistema estão a ser fortalecidos pelas limitações impostas à amplitude do debate».
Chomsky, insuspeito herói da Esquerda, disse tudo. Quem está no poleiro cultural, social, polÃtico, e económico, se for inteligente, manterá as pessoas passivas e obedientes restringindo o leque das opiniões aceitáveis, mas permitindo um grande banzé na discussão dos assuntos autorizados, nos “fora” autorizados. A comprová-lo:
— Veja-se qualquer programa de debate e comentário polÃtico: tanta parra, tão pouca uva.
— Veja-se a insuportável abundância de futebol nos canais noticiosos.
— Vejam-se as constantes “mises en scène” e os psicodramas, que enchem os telejornais, devidamente representados pelos timoneiros da Geringonça.
— Veja-se a abundância de assuntos inúteis que são tratados em profundidade, e a carestia de assuntos essenciais, que quase nunca merecem referência.
— Veja-se a homogeneidade das opiniões publicadas: a discordância entre os “opinion makers”, por muito acirrada que seja, nunca é de fundo, é sempre de pormenor.
— Veja-se a opinião que não é sequer publicada: como é possÃvel, desejável, ou credÃvel que não haja sequer *um único* comentador ou jornalista que, p.ex., diga que o actual Presidente dos EUA “não é assim tão mau”, ou que “apesar de tudo, até fez algumas coisas boas”?
Em suma: a liberdade de expressão tornou-se paulatinamente numa mera formalidade legal. E a liberdade de pensamento foi pelo mesmo caminho. Hoje quem discorda já não é um dissidente, é um monstro, um doente, um maluco. As consequências daà decorrentes para as nossas sociedades não vão ser bonitas.
#liberdade #liberal #liberalismo